terça-feira, 12 de novembro de 2019

SL

As pessoas não idéia do quão importante os quadrinhos (gibis) foram importantes na minha vida.

Se eu me tornei uma pessoa com um bom nível de interpretação de texto e gramática (apesar de ter meus vícios), boa parte disso é porque eu lia quadrinhos quando era mais novo.

Como quase todo mundo, comecei com gibis da Turma da Mônica e Disney (especialmente Pato Donald), mas logo passei pras HQs de heróis. Batman, Liga da Justiça, Capitão Marvel... Mas o que me fisgou mesmo foi Homem-Aranha. Ele era um super herói com problemas. Ele tinha que trabalhar, ganhava pouco, era meio depressivo. Nunca me esqueço de uma história em que ele, após passar a noite lutando contra bandidos e depois ir direto pro trabalho como fotógrafo, sem dormir, voltou pra casa e na geladeira só tinha uma garrafa de leite e ainda estava azedo.

Acho que esse foi o ponto forte do Homem-Aranha, as pessoas se identificavam com ele de certa forma, porque, ao contrário de heróis que se alimentam de luz do sol ou que são bilionários, ele era um cara que veio de origem humilde e tinha a vida de uma pessoa qualquer, exceto pela parte de se balançar entre os prédios de Nova Iorque.

Depois, anos mais tarde, ele começou a ser retratado como um gênio (todo mundo na Marvel é gênio, e se todo mundo é gênio ninguém é gênio).

Outro personagem que eu gostava demais era o Demolidor. Conhecido como "O Homem Sem Medo", o gado obviamente não sabe interpretar esse título, um pouco por burrice, mas também por desconhecimento da história dele. Se essas pessoas ao menos assistirem a série da Netflix, pode ser que sejam capazes de raciocinar melhor sobre isso.

Minha identificação com ele é por motivos óbvios. Ele tem algumas semelhanças com o Homem-Aranha, tanto que são bons amigos, só que as histórias dele sempre tiveram um tom mais "dark" e místico.

Estes dois personagens tem algo em comum que vai além de traços de suas personalidades. Eles foram criados pelo mesmo cara, o mestre Stan Lee.

Hoje, 12 de novembro de 2019, faz 1 ano que ele morreu.

Quando uma lenda morre, fica pra trás sua história. Stan Lee deixou os personagens, os quadrinhos, as séries e os épicos filmes do Universo Cinematográfico Marvel.

Quando fui assistir Avengers Endgame, vi muita gente emocionada com o final da batalha contra o Thanos. Eu também me emocionei, mas, com certeza, não pelos mesmos motivos que a maioria que estava ali.

Quando eu era moleque e lia quadrinhos, as cenas eram montadas na minha mente. Jamais imaginei que um dia eu veria todo aquele universo de personagens numa mesma tela, em uma épica batalha pela salvação da humanidade. Então, aquilo não era por um personagem só, não era por um desfecho, tampouco por alguém erguer o Mjolnir (sem ser o Thor), era por um sonho de criança se tornando realidade. Acho... Não, não acho, tenho certeza, se tivesse alguém me filmando naquela hora, não teriam captado a face de um homem de 32 anos, mas sim o rosto de um menino de 12, cuja única preocupação era saber o desfecho de alguma saga de seus quadrinhos.

Por isso, Stan Lee, obrigado.

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